SE O MUNDO ACABASSE HOJE

Não posso me furtar (que o Capitão Nascimento não me escute) de acreditar que o fim do mundo está mais próximo do que imaginamos. Desde as previsões do Nostradamus até as dos povos Azteca, Inca e Maia, até os charlatãos de plantão, nunca pudemos encontrar tantos acontecimentos que pudessem embasbacar qualquer cidadão de bem.

Nunca fui de aturar muito as coisas erradas, também pudera, venho de uma educação rígida e autoritária. Venho de uma educação protestante. Não que isso sugnifique muita coisa nos dias de hoje.

Quando venci as exigências dos meus pais, conheci o maravilhoso mundo da música, do cinema e me encantei com o futebol. Mais precisamente com um ataque formado por Careca, Muller e Silas.
Ah como era gostoso ir ao Morumbi nos sábados a tarde, sempre acompanhado do meu primo Dinei, que me presenteou com uma camisa tricolor que tinha o patrocinio da BIC. Eu fiquei fissurado no craque que atendia pelo nome de Careca.

Esses passeios semanais eram feitos em um fusquinha bege 69, o popular Herby. E embalados por Wild Boys do Duran Duran e Legião Urbana no Bosch Miami auto-reverse do meu tio Samuca.

Eu cantei e gritei como tantos outros garotos do Guarapiranga (bairro da zona sul de São Paulo). Sempre fiz parte da minoria na escola, pois a maioria torcia para o time das massas, mas sempre fui feliz e não aceitei o provérbio de "que a voz do povo é a vóz de Deus".

Nunca me importei em ver meu time campeão, só me importava em ver a grama verdinha. O que me importava era ver o São Paulo!
Também não entendia o que o Nelson Rodrigues quis dizer com a máxima de que "toda unanimidade é burra".

Hoje, talvez ele até tenha razão!

Eu ví o Telê, Raí, Rogério Ceni, Careca, Dario Pereira, e torci até pelo Reginaldo Cachorrão (putz!!). No futebol do fim de semana, jogava no gol e ao defender um fraquissimo chute do meu tio de 125 quilos, gritava a plenos pulmões:
- Zetttttttttttttttttttttti!!!!!

Cresci ouvindo que o São Paulo é time de "playboy". Mentira! Não nasci em berço de ouro.

Hoje ao ver os meninos do tricolor em campo (mesmo eles finalizando tão mal) tenho a sensação de que dias melhores virão!

E para comprovar isso, vou reviver a emoção que tanto foi importante nos anos 80. Vou levar minhas filhas ao estádio pela primeira vez, não tenho o toca-fitas do meu tio, mas já gravei a trilha sonora daquela época para acompanhar o trajeto até o Morumbi..

Espero que elas se encantem como eu me encantei!

Não sei se o fim será hoje, talvez amanhã...sei lá.

Eu só espero que o mundo acabe depois de eu ver esse time formado. E com as minhas, as suas, as  nossas crianças torcendo juntas .


Trecho da minha coluna desta semana,
Papo de Torcedor, publicada no Informativo "Visão Gospel"