terça-feira, 29 de março de 2011

O BOXE BRASILEIRO VAI A LONA

Michael Oliveira
É inacreditável a necessidade que a mídia brasileira tem para criar ídolos.

Michael Oliveira é a bola da vez, o boxeador brasileiro está escalando os degraus da fama rapidamente. Radicado nos Estados Unidos, país onde vive desde criança, é portador de um sotaque digno de causar inveja a qualquer jovem californiano.

Michael também chamou atenção da mídia especializada americana, pois é inegável seu talento para o boxe. E também em época de vacas magras para a nobre arte das lutas, um lutador jovem e bonito é mais uma arma de marketing para a divulgação do esporte na américa latina. Não a toa, Michael recebeu o apelido de “The Charmain of Boxe” e “The Brazilian Rocky”.

Mas o que se viu em sua última luta contra o argentino Ariel Adriel, valendo pelo cinturão latino do conselho mundial de boxe, me leva a algumas considerações. Primeiro foi desconfortável a “boa” intenção do Sportv (leia-se Globo), em elogiar a atuação do boxeador brasileiro em uma luta que nitidamente ele foi dominado pelo argentino, em no mínimo sete dos dez rounds em disputa no ginásio do Ibirapuera.

Há que se elogiar a produção do combate, muito boa em se tratando de uma luta de boxe no Brasil. E principalmente elogiar o grande trabalho do comentarista, que me perdoe não consigo lembrar seu nome. Mesmo sendo podado pelo narrador durante toda a transmissão da luta, não se furtou de comentar o que acontecia na luta, uma péssima atuação do boxeador brasileiro e a larga vitória do argentino.

Estranhamente o brasileiro venceu unânimente com uma larga vantagem de pontos, acho que os juízes estavam assistindo outra luta. O resultado, inclusive não causou nenhuma revolta no bom boxeador argentino.

Estranho, muito estranho!

 Ultimamente o boxe perde muito espaço para o MMA, e resultados como esse só aumentam a desconfiança e descrédito nas entidades que comandam o boxe no Brasil. Não que Michael não tenha futuro, eu mesmo acredito muito no seu boxe, mas situações como essas me deixam com a sensação de o boxe brasileiro foi a lona, e cambaleia pelos ringues do Brasil a fora. Ainda não fomos nocauteados, mas que estamos merecendo, ah isso estamos.

segunda-feira, 28 de março de 2011

QUANDO OS HOMENS SE TORNAM MITOS

Alguns passam a vida toda sonhando com algo humanamente impossível, outros esforçam-se para tornar real o que a improbalidade desafia. Para todo ser humano que desbrava estradas de conquistas, reservamos os lemas de honra e admiração.

Os homenageamos com as marcas que herdarão o tempo. Tais humanos tornam-se legendas e mitos.

O futebol há tempos deixou de ser algo meramente para o lazer, passou a ser assunto de discussões e teses sociais e psicológicas. Algo tão inusitado, cheio de paixão e movido por sentimentos de posse que quase sempre ultrapassam a barreira do aceitável. Um esporte tão encantador que estranhamente convive com a perigosa linha da sanidade e loucura.

Nesse meio altamente inflamável, existem homens cujas conquistas ultrapassaram as barreiras da improbalidade e eternizam-se. Entre eles destaca-se um jovem senhor chamado de goleiro, ou arqueiro, guarda redes, apanhador ou guarda metas. Reservo-me ao direito de chamá-lo de Rogério, simplesmente Rogério.

Rogério convive com as perseguições que a autoconfiança provoca em nossa cultura, é típico de nosso povo achar alguém que confia em si próprio arrogante. Ontem a história do futebol foi reescrita da forma mais cinematográfica possível, quis o destino que o maior rival (não inimigo) do goleiro fosse à vítima do centésimo gol.

A mitologia que agora foi ratificada em torno do arqueiro tricolor só engrandece a história do clássico majestoso. Um feito desses merecem aplausos e admiração à aquele que saiu do gol em direção a história, e se eterniza com um feito que tende aumentar.

Alguns podem se perguntar como o feito de Rogério se consolidou. A resposta deve ser trabalho e dedicação, pois é sabido que ele é o primeiro que chega e último que sai do clube. Nada é de graça na vida, não é a toa que a história é escrita.

O feito de Rogério o aproxima dos legendários homens que galgaram degraus de conquista. O olimpo do futebol, onde reina Pelé, tem mais um habitante. Não falo dos números do goleiro, pois os mesmos serão aumentados. Falo do homem que mesmo perseguido pela mídia não desistiu de acreditar que o impossível (um goleiro marcar cem gols) era questão de trabalho, confiança e tempo. Obrigado Rogério por permitir que eu participasse da história e presenciasse o que dificilmente se repitirá novamente. Mas não duvido, pois para os que se esforçam e acreditam o impossível é questão de tempo.

O arqueiro tricolor certamente deu um pequeno passo para o homem, mas deu um salto para a história. Parabéns Rogério Ceni. Quis o destino que até em seu nome existissem as letras CEN, de uma centena de gols.

Iniciais de uma centena de abraços, sorrisos e lágrimas da torcida sãopaulina.

domingo, 27 de março de 2011

O PRIMO DISTANTE

Assistindo o jogo do Brasil contra a Escócia, fiquei com a estranha sensação de que essa seleção não me pertence.

É como aquela história familiar daquele primo que mora longe e às vezes aparece na sua casa, ele mantém os laços familiares e de sangue que tem com você, mas que por mais que você tente uma intimidade, falta aquela proximidade que só se consegue no dia a dia.

Assim é a seleção brasileira que a CBF insiste em nos oferecer. Por um punhado de dólares venderam o show para um grupo árabe, que revendeu os direitos de transmissão aos europeus, e então fica mais fácil empurrar goela abaixo do brasileiro à balela de que reunir os jogadores que atuam na Europa em detrimento aos que atuam no Brasil é mais fácil, prático e barato.

Ah tá! E como que inconscientemente o Galvão no início da transmissão afirmou: -“O Emirates Stadium é a nova casa do Brasil! Ledo engano sr. Galvão, pode ser a casa da seleção brasileira, pois a casa do Brasil só pode ser o Morumbi, o Maracanã, o Mineirão....

Mas como na metáfora do primo distante, ainda há algo nesta seleção que remete as minhas raízes, posso estar distante e um pouco afastado, mas nada que um pouco de esforço e uma visitinha de vez em quando não possa causar uma reaproximação. Um primeiro passo está sendo dado, a seleção vai visitar Goiânia. Sorte dos goianos (e de nós todos do Brasil) que vão poder ver Brasil contra a Holanda aqui no nosso país. Porque por mais que possa ser estranho, o dito popular neste caso faz sentido. Amigo a gente escolhe, parente a gente atura.

E como dizia meu saudoso vô Paulo, o amor pela família vem sempre em primeiro lugar. Vai Brasil!

sábado, 26 de março de 2011

UM GOLPE DE ESTÁDIO

A sensação que paira no ar é de no mínimo enfado e descrédito com a moralidade da cúpula diretora do futebol brasileiro.

Um descaso com o único intuito de ruir com as esperanças daqueles que acham que o país pode mudar.

Assim eu resumo a epopéia da tentativa (!?) de se fazer uma licitação para o repasse dos direitos de transmissão do futebol tupiniquim.

Durante o processo licitatório, aconteceu de tudo, desde quebra de contratos, até falta de capacidade administrativa de dirigentes (?) que preferiram ver escoando pelos ralos uma boa quantia de dinheiro. Será que os clubes nacionais estão tão bem financeiramente?

Não defendo aqui a causa da emissora A, B ou C, defendo aqui a oportunidade de valorizar um dos maiores bens de lazer da população brasileira. Se bem que não posso furtar-me de afirmar que jamais investiria meu suado dinheiro em uma mídia que não pode ser exibida.

Explico, a rede Globo se recusa a transmitir os jogos em horários mais acessíveis, pois isso implicaria em mexer em sua já tradicional grade de programação. Durante suas (tecnicamente perfeitas) transmissões recusam-se a mostrar os patrocinadores dos times e os apoiadores de seus estádios, chegando ao cúmulo de os times (principalmente do interior de SP) serem obrigados a taparem os logotipos dos mesmos com lona preta (reparem nas transmissões).

Uma das balelas midiáticas atuais, são os tais de naming rights. Quem investiria milhões para ter o direito de ter sua marca atrelada a um nome que nunca é dito? A fórmula 1 é prova disso, em que a Globo se recusa a dizer “RED BULL RACING TEAM”, e durante a corrida insistem no nome RBR, é absurdo para os austríacos, que compram uma equipe de formula 1, e nem sequer, podem ter o nome difundido. Detalhe, isso também vale para a versão italiana da Red Bull, a SUPER TORO ROSSO, que na Globo foi rebatizada de STR. Um absurdo, mas voltemos ao texto…

Alguns espertalhões da matemática, já estão dizendo que o golpe foi bom para a saúde financeira das equipes que racharam o futebol brasileiro, duvido!Foi premeditado.

Um golpe digno de Khadafi, de causar inveja em Bush.

Foi um golpe à brasileira, mas não um golpe por motivos étnicos, religiosos ou até mesmo políticos.

Foi um golpe por um estádio