E AGORA! QUEM DESCOBRIRÁ A AMÉRICA?

E aí, operadoras, cadê a nossa Copa Libertadores?

“Y vas, a ver…la Copa Libertadores pela TV” – o canto das torcidas hispânicas nunca foi tão errado, para nós, como nos últimos dois meses, quando a confusão entre a Net, a Sky e a Fox Sports tirou a Libertadores das telas. A Fox Sports estreou no domingo e nem sinal de ter um espaço nas grades das operadoras Net e Sky.

Hoje, por exemplo, jogam Inter e Juan Aurich e o drama é saber onde que isso vai passar. Inclusive se vocês souberem, nos avisem. Essa questão é o ápice de uma confusão que envolve a Lei do Cabo de 1995 e a relação escusa que sempre existiu entre quem distribui e quem produz conteúdo. A Lei do Cabo dá canais comunitários e outros COMUNISMOS, mas não coloca qualquer restrição entre produtoras e distribuidoras. O que temos, hoje, é que a NET é uma das distribuidoras e ao mesmo tempo tem parte das suas ações ligada à Globo – apesar de ter cedido o controle para a América Móvil, do bilionário mexicano Carlos Slim, na semana passada.

Ainda que a Globo não tenha participação, não é errôneo dizer que há influência sua na suspensão da Fox Sports. O diretor geral da empresa, José Félix, por exemplo, entrou na época que a GloboCabo fundou a empresa e trabalhou na afiliada RBS por mais de 10 anos. A hipótese da endurecida na negociação pelo fato da Fox Sports ter se negado a vender os direitos da Libertadores para o Sportv, transformando a competição em principal produto do seu novo canal, faz sentido. O Sportv disputa a liderança entre os canais mais vistos da TV paga brasileira – lidera hoje, mas há alternância de posições constante. Boa parte disso se deve à Libertadores no primeiro semestre.

Porém, a pressão da Globo é apenas um fator na briga. A Fox Sports marcou data e horário para entrar no mercado nacional no final do ano passado, mas sem acertar todos os passos com as distribuidoras. Acreditaram que as negociações com a BandSports e seus canais já garantidos seriam suficientes, mas as distribuidoras têm direito a vetar a troca de canais nos espaços. Imaginem se, por exemplo, LARRY FLYNT compra o DISCOVERY KIDS e resolve passar programas de SEXO COM ANIMAIS 24h por dia. A distribuidora tem que ter o direito de vetar.

Com uma equipe estelar já contratada e uma data anunciada, a Fox perdeu o poder de barganha na negociação para entrar nas grandes operadoras. Net e Sky detém 70% do mercado da TV paga no País – as outras estão com as operadoras menores, como Telefónica, Oi TV, GVT e Via Embratel. A Fox está cobrando, segundo Lauro Jardim, apenas R$ 1,50 por assinatura das operadoras para transmitir o canal. Porém, com equipe contratada e metas a cumprir, a Fox só leva prejuízo. E Net e Sky querem lucrar um pouco mais com isso. A hipótese de uma taxa extra, por exemplo, seduz os executivos.

Contra isso, a Fox usa apenas a pressão popular. No seu site oficial, há grande destaque para uma chamada com telefones das operadoras para os usuários pressionarem. A Fox poderia, porém,  alegar boicote e apelar para o Conselho Administrativo de Defesa Econômica, mas não há qualquer informação de denúncia feita pelos executivos do canal.

Na terça-feira, os executivos da Fox Sports decidiram liberar o sinal do Speed apenas 5o minutos antes da partida começar. Já não se sabe o que vai ocorrer no jogo do Inter. Enquanto isso, quem vibra é a pirataria brasileira: os sites com acessos ilegais explodem de audiência, e os conversores usados para piratear TV a cabo (proibidos pela justiça graças à pressão das TVs por assinatura) são a única opção para assistir à Copa Libertadores pela TV.

É a economia, estúpido.

Até a derrota,
Luís Felipe dos Santos

NOTA DO BLOG: É a Globo colaborando com o sucesso do futebol brasileiro... Tudo debaixo da barbas da CBF e CONMEBOL. O futebol por aqui a cada dia que passa, anda mais "bem organizado". Isso é um crime...Ops!